16 de jun. de 2010

A HISTÓRIA DE RUN DMC


Cada vertente da música norte-americana tem sua origem, seu progenitor, o seu rei. O blues teve W.C. Handy, o jazz Louis Armstrong. Swing era a sinônimo de Benny Goodman, o Bebop tinha como pai Charlie Parker. Quando o quesito era Rhythm'n Blues, Ray Charles simplesmente era mestre e o rock and roll sempre foi posse do imortal Elvis Presley. O punk rock sempre foi dos Stooges assim como Barry White foi da Disco e por ai vai. Entretando, o quesito aqui e agora é hip-hop na sua mais pura essência, e nascido no estrangeiro, está o Run-DMC - considerado sempre pela visão e a atitude descompromissada, como previsto nos álbuns e singles que sucederam sua carreira, servindo como o DNA da música rap por mais de duas décadas. Um som da pesada.

Desde os primeiros compassos de 1983, "It's Like That", o primeiro single, Run-DMC iniciou uma revolução que trouxe o hip-hop na linha de frente, além das barreiras da televisão, no reino de platina da RIAA, e em frente ao mash- ups que são as novas fronteiras de hoje do rap e rock.

"Até o Run-DMC Eu pensei que o hip-hop era algo que só vai ser feito nos porões e nos clubes", disse Ice-T. "Eu fui a um concerto de Run-DMC e eles realmente me fizeram acreditar que o hip-hop pode ser grande. Rap nunca foi a esse nível. Nunca tinha visto ele assim." Adiciona Eminem, "Run-DMC quebrou as barreiras. Eles foram os primeiros astros do rap real. Toda a gente no jogo de hoje deve algo a eles."


ESTRÉIA REVOLUCIONÁRIA

Influenciados pelos pioneiros do rap de Nova York (Grandmaster Flash & Furious Five, Kurtis Blow, Sugarhill Gang e outros tantos que fizeram a voz negra ser ouvida além dos guetos), Simmons, McDaniels e Mizell começaram a se apresentar juntos em 1980 como Crush. Terminados os anos de high school, em 1982, mudaram o nome do trio para os apelidos dos dois MCs e não tardaram a conseguir um contrato. Logo lançaram o primeiro single, com as músicas “It’s Like That” e “Sucker MCs”. A primeira tornou-se um grande hit no underground local. A outra acabou aclamada pelos críticos como o divisor de águas do gênero. “Sucker MCs” passou a ditar as regras de uma nova forma na criação das bases: nenhum outro instrumento a não ser uma bateria eletrônica, dois toca-discos e um mixer.



A revolução não ficou restrita apenas na sonoridade do single de estréia. Por sugestão do irmão mais velho de Run (Russell Simmons, empresário de rap e então parceiro do produtor Rick Rubin na gravadora Def Jam, que descobriu para o esterlato nomes como Public Enemy, Beastie Boys e LL Cool J), Run, DMC e Jam Master Jay passaram a subir no palco ostentando as mesmas roupas surradas do dia a dia. O vestuário eram enormes moletons e corriqueiros agasalhos esportivos (ou casacos de couro e jeans pretos), tênis brancos desarramados e penduricalhos nada discretos no pescoço. Estava criada a imagem típica do b-boy.

Em 1984, o Run DMC lançou o primeiro álbum, homônimo (o primeiro disco de ouro para um grupo hip hop no mercado fonográfico americano). No ano seguinte, King Of Rock manteve a ascensão, agora ultrapassando a marca da platina. Seus integrantes também passaram a receber convites para aparições em filmes e tributos-com-vários-artistas-cantando-por-uma-causa-nobre – como o Sun City, contra o regime de apartheid então vigente na África do Sul.

Sob os auspícios de Rubin, talentoso e barbudo produtor sempre capaz de enxergar longe novos caminhos para o rock, o Run DMC deu o passo que viria a mudar para sempre sua carreira. Mizell sampleou o compasso inicial de “Walk This Way” e encheu os loops de scratches e breakbeats. Perry foi convocado para refazer o marcante riff de guitarra da canção e Tyler soltou o vozeirão com Russell e Darryl, reproduzindo a letra canto-falada que com alguns anos de antecedência já simulava o que viria a ser o rap.

A regravação foi o carro-chefe de Raising Hell, de 1986. O disco vendeu três milhões de cópias nos EUA (equivalente à platina tripla no mercado de lá), foi o primeiro a chegar entre os dez álbuns mais vendidos da Billboard e alcançou o posto máximo na parada de r&b. A MTV, até então reticente quanto à exibição de clipes de rap, também não teve como ignorar mais o gênero. A Rolling Stone, mais famosa revista de música do país, deu sua primeira capa a um artista da cultura hip hop. O Run DMC também tornou-se o primeiro contratado fora do meio esportivo a fazer propaganda para a marca esportiva alemã Adidas (com a faixa “My Adidas”). Outros dois grandes hits ainda foram extraídos do álbum: “It’s Tricky” e “You Be Illin’” (que três anos depois ganharia uma letra em português chamada “Adelaide, A Anã Paraguaia”; a gravação, do Inimigos do Rei, foi massacrada pela crítica porém mais executada que a versão original pelas rádios brasileiras)

Ascensão gangsta
O rap estava em alta e novos nomes passaram a dividir os louros com o Run DMC. Em Nova York, Boogie Down Productions e Public Enemy bradavam em alto e bom contra o capitalismo, a mídia e o poder dos brancos e judeus. Do outro lado do país, em Los Angeles, o cotidiano barra-pesada dos guetos “vermelho” e “azul” saltava para a tela do cinema no filme Colors – As Cores da Violência. O NWA (formação que revelou nomes como Eazy-E, morto em decorrência da Aids há alguns anos; Ice Cube, hoje mais voltado para a sétima arte; e Dr Dre, padrinho de Eminem e Snoop Doggy Dogg) e o ex-traficante de armas Ice-T levaram a violência das ruas para a música. Em pouquíssimo tempo, o gangsta passou a dar as cartas no gênero, limitando o espaço para a celebração pura e simples.

Por isso, os dois álbuns posteriores do Run DMC, Tougher Than Leather (1988) e Back From Hell (1990), passaram longe de repetir o mesmo sucesso devastador de “Walk This Way” e Raising Hell. Mesmo com outra regravação (“Mary Mary”, de ?) e algumas faixas que mantinham o estilo de antes (“Beats To The Rhyme”, “Pause”). Na virada dos anos 90, Simmons e McDaniels também enfrentaram problemas pessoais – o primeiro foi falsamente acusado de estupro na cidade de Cleveland e o outro superou a dependência alcoólica), passaram por uma grande experiência de conversão religiosa (Run tornou-se reverendo e assim o é até hoje. Gradativamente, o grupo se afastou do mundo da música. Em 1993, mesmo com vários convidados nos vocais e produções das faixas (como A Tribe Called Quest, KRS-One e Naughty By Nature), o álbum Down With The King também falhou na última tentativa de reerguer com sucesso a carreira do Run DMC.

Somente oito anos o trio voltou a gravar um disco. Crown Royal, lançado em meados de 2001, contou com diversas participações especiais (Everlast, Method Man, Fred Durst, Sugar Ray, Fat Joe, Kid Rock, Nas e o vocalista do Third Eye Blind, entre outros) e teve um hit instantâneo. “Take The Money And Run”, outra recriação (a música foi originalmente gravada pela Steve Miller Band), teve freqüentes execuções nas rádios – inclusive no Brasil – e conseguiu gás suficiente para fazer o Run DMC voltar à ativa com força.

Dias antes do assassinato de Mizell, o grupo havia encerrado uma badalada turnê ao lado de Aerosmith e Kid Rock e estava tomando um gás para começar a trabalhar no novo álbum. Jam Master Jay, muito provavelmente, estava maquinando algumas bases no estúdio quando foi surpreendido pelo seu assassino. No início de novembro, o Run DMC anunciou sua retirada dos palcos e estúdios.

REALIZAÇÕES

As realizações do Run-DMC - Joseph "Rev Run" Simmons, Darryl "DMC" McDaniels e Jason "Jam Master Jay" Mizell - são incomparáveis:

• O primeiro grupo de rap a ter um # 1 R & B gráficos álbum de rap
• O primeiro grupo de rap a ter um Top 10 pop gráficos álbum rap
• O primeiro grupo de rap a ganhar RIAA ouro, platina e álbuns multi-platina
• O primeiro grupo de rap a aparecer na capa da revista Rolling Stone
• O primeiro grupo de rap a receber um Grammy Award
• O primeiro grupo de rap a ter um vídeo acrescentado a MTV
• O primeiro grupo de rap a aparecer no Saturday Night Live e American Coreto
• O primeiro grupo de rap a ganhar crossover com apelo rock e hip-hop fãs
• O ato de rap a se apresentar no Live Aid em 1985
• E o primeiro grupo de rap assinado para uma marca de produtos esportivos

A MORTE DE JAM MASTER JAY

A história do rap americano voltou a ser manchada de sangue no dia 30 de outubro, quando Jam Master Jay foi assassinado dentro de um estúdio de gravação. Jason Mizell, seu nome de batismo, fazia parte do Run DMC, um dos mais importante grupos da história da cultura hip hop, pioneiro em capas de revista e exibições de clipes na MTV, precursor de sonoridades e do típico visual b-boy. Abonico R. Smith explica a importância do DJ e conta a trajetória vitoriosa do trio nova-iorquino. Um homem até agora não identificado cruzou a porta de um estúdio de gravação no bairro do Queens, em Nova York, no último dia 30 de outubro, por volta de sete e meia da noite. Fez alguns disparos e saiu tranqüilamente do local. Urieco Rincon, 25 anos, estava baleado na perna e foi levado com urgência para o hospital. Jason Mizell, 37, não teve melhor sorte: uma bala atingiu sua cabeça, provocando morte instantânea. O crime, cujo motivo e assassino ainda estão sendo investigados pela polícia, derramou a terceira grande mancha de sangue na história do rap americano.

Entre setembro de 1996 e março do ano seguinte, os arquirrivais Tupac Shakur e Notorious BIG foram assassinados.Um xingava e provocava o outro publicamente e em suas músicas. Os rappers também eram pivôs de uma grande rixa entre gangues das costas Leste e Oeste, respectivamente. Já o DJ Mizell – mais conhecido pela alcunha de Jam Máster Jay – pouco usava o microfone. Sua voz eram as pick-ups e as programações costuradas e criadas com habilidade. Seu grupo, o Run DMC, tornou-se no em meados dos anos 80 um dos mais importantes da história da música dos Estados Unidos. Afinal, tornou-se o principal responsável pela maior aceitação do rap pela imprensa e MTV americanas e conseqüente explosão comercial do gênero. Sem violência e insultos verbais, apenas na maior festa.

A trágica morte de Jam Master Jay calou um dos nomes mais criativos do rhythm’n’poetry nova-iorquino. Ao lado de dois amigos de infância, os MCs Joseph Simmons (Run) e Darryl McDaniels), também vindos de famílias de classe média do distrito do Queens, Mizell teve o pioneirismo de sacar que o vigor da batida do rock poderia substituir – e muito bem – os grooves funky, muitas vezes com o acréscimo de guitarras pesadas. A fórmula chegou ao ápice do sucesso em 1986, com o megahit “Walk This Way” (regravação de uma música do Aerosmith nos anos 70, que contou com a participação de Steven Tyler e Joe Perry e ressuscitou a carreira do grupo de hard rock) e até hoje é copiada sem dó nem piedade no mundo hip hop, chgando a ser “roubada” por bandas do nu metal americano. Outra habilidade de Mizell eram os breakbeats. Algumas das canções mais famosas do Run DMC – como “You Be Illin’”, “Take The Money And Run” e a própria “Walk This Way” – contêm ligeiras paradinhas rítmicas estrategicamente bem colocadas, soando tão importante quanto os scratches.

Produtora quer criar musical contando a história do Run-DMC

Fonte: g1.com

A produtora Paula Wagner (dos filmes “Missão impossível” e “Operação Valquíria”) disse nesta quinta-feira (22) ao jornal “The New York Times” que quer criar um musical com faixas do grupo de rap nova-iorquino Run-DMC.

“A música deles é vibrante, viva. Quem eles são e o que eles fizeram foi um momento importante na história cultural, que atingiu todo mundo”, diz Wagner. Ela quer contar a história da banda que ajudou a transformar o hip-hop em um fenômeno de massa.

“A história do sucesso deles é completamente teatral”, explica, planejando sua estreia na Broadway. Ela já se reuniu com Joseph “Rev Run” Simmons, Darryl "DMC" McDaniels e representantes da família do DJ Jason "Jam-Master Jay" Mizell, assassinado em 2002. A trilha sonora deve usar músicas do catálogo do Run-DMC e talvez novas composições da dupla.

Ex-atriz e ex-agente de Tom Cruise, Wagner dirige a United Artists, empresa que produziu filmes como “O último samurai” e “Guerra dos mundos”. O Run-DMC foi um dos primeiros grupos a fazer sucesso no mainstream cantando rap, especialmente após seu primeiro grande hit – uma versão de “Walk this way”, do Aerosmith, com a participação do próprio grupo de rock.


Site oficial:

www.rundmc.com

Discografia:

www.taringa.net/posts/musica/2238694/Discografia-de-Run-D_M_C.html

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