Aqui está uma matéria muito interessante que transcrevi da revista Veja, datada de 1977, que conta um pouco da intrigante história de um dos precursores, para alguns, da pixação em terras nacionais. Tozinho e seus letreiros feitos a tinta e pincéis numa caligrafia pouco caprichada certamente fizeram história e entraram na lembranças de muitos brasileiros e escritores urbanos.
Segue, na íntegra, toda a brilhante reportagem. Por isso não se estranhem se encontrarem sifras em cruzeiros ou uma caligrafia diferenciada da época, afinal no Brasil, a língua portuguesa sofre, de tempos em tempos, retalhações e mudanças muitas vezes inúteis.
CÃO FILA KM 26 - VEJA, 1977
Muros, pontes, viadutos, mourões, pedras, barrancos - praticamente não há superfície sólida no país a salvo da rústica, enigmática inscrição “Cão Fila km
O “Tozinho”, de tradicional e abastarda família paulistana. Em seu modesto e caótico escritório, numa ilhota particular da poluía represa Billings, à altura do quilometro
Em longas e lentas sortidas, numa camioneta carregada de latas de tinta, o excêntrico propagandista que se incumbe pessoalmente da pintura, chegou mesmo a ser tomado por agente subversivo. Tanto que, aos ensinamentos tomados a arte marcial colheu outros, na seara das ciências jurídicas. Aos que o interpelam com suspeitas replica brandindo um inseparável exemplar o Código Penal: “Mostra aqui onde é que eu estou errado”.
Canhões – Cerca de 60% dos que lêem as inscrições, admite Tozinho, não as entendem. “Mas, de uma forma ou de outra, as pessoas acabam chegando aqui.” Isto é, à sua ilhota particular. Sede da Associação de Criadores de Fila Brasileiro, por ele mesmo fundada em 1972, e centro de suas atividades cinófilas, onde mantém um canil com 160 animais daquela raça. Ele alega receber cerca de 600 visitantes por mês, daí resultando em média, a venda de vinte filhotes, a 7000 cruzeiros por cabeça.
Um apreciável resultado para tão primitiva modalidade publicitária, já praticada, em outros tempos, pelas Casas Pernambucanas e Casas Buri. Foi num precedente mais antigo, entretanto, que Tozinho confessa ter se inspirado. “Na verdade, baseei-me nas campanhas eleitorais de Adhemar de Barros. Até hoje ainda se encontra o nome dele pintado em pontes e lugares semelhantes. “A escolha dos locais, de resto, requer fina sensibilidade mercadológica. O Corcovado e o Pão e Açúcar, por exemplo, encontram-se a salvo das investidas de Tozinho: “Só estrangeiros aparecem nesses lugares”. Os canhões do forte e Copacabana, contudo, estão em sua mira. Assim que a área for liberada à construção de prédios, ele atacará de tinta, pincel e Código Penal.
A pouco mais e
Inspirado num consorcio que um industrial paulista formou com amigos para explorar o cavalo “Falkland”, reprodutor importado da Inglaterra, o loquaz Brando articulou seis amigos seus para, em consórcio, explorarem o reprodutor “Yandu”, cão fila brasileiro de boas características, criado por ele em seu sítio
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