30 de mai. de 2009

O OSSÁRIO DE ALEXANDRE ORION!


A poluição de São Paulo deverá ser exibida em museus e galerias ao redor do mundo. A fuligem produzida por veículos na cidade vem sendo utilizada pelo artista plástico Alexandre Orion, 30, para pintar telas.

Além de uma exposição já marcada para setembro, em Paris, ele recebeu convites de galerias suíças, inglesas e norte-americanas.

O projeto começou em 2006, quando Orion realizou a primeira de sete intervenções urbanas -chamadas de Ossário- em túneis da capital paulista. Na ocasião, o artista desenhou uma série de crânios ao longo do túnel Max Feffer (zona oeste) usando o grafite reverso.

A técnica teve como um de seus precursores o britânico Paul Curtis. Em 1999, em Leeds (Inglaterra), Curtis começou a limpar a sujeira de muros para desenhar. Com isso, cria-se uma imagem de modo reverso ao do grafitti tradicional.

Munido de pano e água, Orion retirou a sujeira acumulada nas paredes do túnel para formar as imagens da intervenção. Ele deixou a água escura restante da “limpeza” evaporar e, com o pó preto que sobrou, misturado a uma base acrílica, obteve sua “tinta de fuligem”.

Quando a matéria-prima da tinta se esgotava, nova intervenção era realizada em outro túnel sujo da cidade.

Segundo Orion, seu trabalho era facilitado pela falta de manutenção. “O túnel Ayrton Senna nunca havia sido limpo, era preto, preto, preto de fuligem”, diz. A Secretaria das Subprefeituras de São Paulo afirma que a manutenção acontece mensalmente.

Ao todo, o artista já concluiu oito telas feitas a partir da fuligem recolhida, retratando automóveis em cenas cotidianas. Uma das séries documenta o ciclo de vida útil de um carro. Outra estabelece paralelos entre partes do corpo humano e partes do automóvel.

A ideia é expressar, segundo Orion, que o modo de vida escolhido pelo paulistano, aparentemente confortável, é falso e prejudicial à cidade. “Se a princípio as pinturas parecem inofensivas, na verdade elas contêm uma provocação em sua técnica: o fato de terem sido feitas com poluição”, diz ele.

Vejam algumas das fotos e um vídeo do Ossário de Orion:












Fim da linha: obra desaparece depois da ação do corpo de bombeiros de São Paulo


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